Thursday, March 12, 2015

Mais uma vez Cortázar


BOLERO 

Julio Florencio Cortázar

Qué vanidad imaginar
Que puedo darte todo, el amor y la dicha,
Itinerarios, música, juguetes.
Es cierto que es así:
Todo lo mío te lo doy, es cierto,
Pero todo lo mío no te basta
Como a mí no me basta que me des
Todo lo tuyo.

Por eso no seremos nunca
La pareja perfecta, la tarjeta postal,
Si no somos capaces de aceptar
Que sólo en la aritmética
El dos nace del uno más el uno.

Por ahí un papelito
Que solamente dice:

Siempre fuiste mi espejo,
Quiero decir que para verme tenía que mirarte.

Bolero

Que vaidade imaginar
Que posso dar-te tudo, o amor e a sorte,
Intinerários, músicas, joguinhos.
É certo que é assim:
Tudo que é meu te dou, é certo,
Porém, tudo que é meu não te basta
Como a mim não basta que me dês
Tudo que é teu.

Por isto não seremos nunca
O par perfeito, o cartão postal,
Se não somos capazes de aceitar
Que só em aritmética
O dois nasce do um mais um.

Por aí um papelzinho
Que somente diz:

Sempre fostes meu espelho,
Quero dizer que, para ver-me, teria que te olhar.


Ilustração: en.wikipedia.org

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