Sergio
Arlandis
Justo
ahora que un ladrón de deseos
no
me aturde en la noche con su voz,
y
me convierto
en
animal libre de culpa,
cuando
no tengo más pecados
para
llenar con nombres,
ni
esta aguja del tiempo
muestra
qué muerte
tendrán
estos momentos
una
vez pasen por mis manos:
podré
mirarte
con la inocencia
de las palabras
que
no ha bañado todavía el vino,
para
luego tomarte por la espalda
con
la trama que cada noche
caza
uno de mis días.
Y
hacerte presa
de
mis vacíos cotidianos.
Qué
lenta conversión la de tu mármol:
cómo
en ti crece el ángel
negro de mis caídas,
la
fiera indócil que serás,
al
menos hoy, sobre mi vientre.
Pigmalião
Justo
agora que um ladrão de desejos
não me impressiona à noite com sua voz,
e
me converto
num
animal livre de culpa,
quando
não tenho mais pecados
para
preencher com nomes,
nem
esta agulha do tempo
mostra
que a morte
terá
estes momentos
uma
vez que passem por minhas mãos:
poderei
te olhar
com inocência
das palavras
que
ainda não banhei, todavia, com vinho,
para
logo tomar-te por trás
com
a trama que cada noite
caça
um de meus dias.
E
fazer-te presa
de
meus vazios cotidianos.
Que
lenta conversão a de teu mármore:
como
em ti cresce o anjo
negro das
minhas quedas,
a
besta incontrolável que será,
pelo
menos hoje, no meu ventre.
Ilustração:
www.fotolog.com
No comments:
Post a Comment