Monday, February 19, 2018

Uma poesia de Elvira Lozano

Elvira Lozano                                                                        

En la farmacia cuelga una bandera
de Argentina, y la cocinera del bar
se parece a ti. Porque todas,
de alguna manera, se parecen a ti.
Por eso, porque todo es parecido,
no he podido volver a disparar
la máquina de fotos. No quiero
conservar ninguna imagen más,
ningún recuerdo que se pueda
fotografiar. Tengo ya demasiados.

Hoy, en una fría región del Cosmos
de nombre Eridanus,
detectaron un agujero gigantesco,
de más de mil millones de años luz
de tamaño. Un agujero
relleno de nada, un fallo
en los cálculos matemáticos
de la Nada.

En un pecho cualquiera,
hoy en el mío,
caben varios agujeros como ese
de Eridanus, y tampoco sabemos
de qué están hechos.

Quizás en el Cosmos existen también
los desiertos.


Na farmácia pendura uma bandeira
da Argentina, e a cozinheira no bar
parece contigo. Porque todas,
de alguma maneira, se parecem contigo.
Por isto, porque tudo é parecido,
não podia voltar a disparar
a máquina fotográfica. Não quero
conservar nenhuma imagem mais,
nenhuma lembrança que se possa
fotografar. Tenho já demasiadas.

Hoje, em uma região fria do Cosmos
de nome Eridanus,
detectaram um buraco gigantesco,
de mais de um bilhão de anos-luz
de tamanho. Um furo
repleto de nada, uma falha
nos cálculos matemáticos
do nada.

Em um peito qualquer,
Agora no meu,
cabem vários buracos como o
Eridanus, e, tampouco, sabemos
de que são feitos.

Talvez no Cosmos existam também
desertos.

Ilustração: amagiadocosmo.tumblr.com.


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