Friday, March 22, 2019

Uma poesia de Marisa Martínez Pérsico


I. La espera                                                  

Marisa Martínez Pérsico

No suele diluviar en mi desierto.
Si sucede,
tan violenta es el agua
que o te escapas
debajo de una piedra como una
lagartija, o te conviertes
en boca
de la lluvia.

La gente dice “qué mal tiempo”
aquí,
cuando llovizna.
Yo guardo luto, elevo
plegarias y canciones
de tormenta.
Pero tú eres
una gota de color tan densa
que volcándote en un lago pintarías
su cauce
por completo.

No me cansa esperar.

Yo siempre fui una boca de la lluvia,
también en el desierto.

I.                 A ESPERA

Não costuma chover no meu deserto.
Se isto acontece,
tão violenta é a água
o que o tu escapas
debaixo de uma pedra como um
lagarto, ou te convertes
em boca
da chuva.

As pessoas dizem "que mau tempo"
aqui
quando chuvisca.
Eu guardo, elevo
orações e músicas
de tempestade.
Porém, tu  és
uma gota de cor tão densa
que te virando um lago pintarias
seu canal
por completo.

Não me cansa esperar.

Eu sempre fui uma boca de chuva
também no deserto.

Ilustração: Igreja Ágape.


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