Wednesday, February 24, 2021

LX


A verdade,

nua e crua, meu amor

é que o amor real

não é o que você idealiza.

Não existe o amor perfeito, o viveram para sempre felizes.

Os casamentos, na maioria, os que persistem, são maquilagens da realidade, muitas vezes, são mais palcos das dores que do amor.

Os grandes amores são sempre os mais difíceis, tumultuados, cercados de armadilhas, escondidos, calados, objetos de inveja, de incompreensões, de obstáculos. Na maioria das vezes impossíveis de serem concretizados vivem, como o nosso, de momentos ou da imagem amada do outro.

Os exemplos na história e na ficção são ilustrativos:

Romeu e Julieta, Abelardo e Eloísa, Marília e Dirceu, Inês de Castro e D.Pedro I, Manuelita e Bolívar, Roberto e Elisa Browing, Eduardo VIII e Wally Simpson, Chica da Silva e João Fernandes, Mandrake e a princesa Narda de Cocaigne, Clark Kent e Lois Lane, Tarzan e Jane, John Lennon e Yoko Ono, você e eu.

Todos os grandes amores são complicados, marcados pela ausência ou pela distância, sobrevivendo às instabilidades.

Nunca sabem do amanhã porque vivem no gozo do tobogã dos desejos, no trapézio das ilusões, na vertigem dos beijos, no sonho de que as portas do céu vão se abrir para a felicidade eterna.

É isto que tenho que te dizer de forma terna:

só posso te prometer este amor dos momentos roubados, este amor de presenças, silêncios, de ausências, este amor de quando em quando e que, no entanto, tem mais encanto do que qualquer coisa na vida.

Só posso te prometer,

querida,

que vou te amar até morrer

e se vida houver, depois,

também

hei de, onde estiver,

te querer bem. 

Ilustração: Youtube.

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