Sunday, June 01, 2014

Javier Díaz Gil


POÉTICA

(El francotirador VI)

Javier Díaz Gil

Guardo un poema en la recámara.

Con prudencia juego con él
 a la ruleta rusa.

Apunto  a mi sien
 mas sin fortuna
se dispara tan sólo un pareado,
o suena indolente
el  clic oscuro
 del gatillo.

Guardo un poema en la recámara
con el que algún día atravesaré
 mi corazón.

Un poema certero y codiciado
 que nos salve para siempre
  de la muerte.

Poética.

(O franco-atirador VI)

Guardo um poema na câmara.

Com prudência jogo com ele
  roleta russa.

Aponto para o meu templo,
Mas, sem sucesso
se dispara tão só um dístico,
ou soa indolente

o clique escuro
  do gatilho.

Guardo um poema na câmara  
com ele que, algum dia, atravessará  
 o meu coração.

Um poema certeiro e cobiçado
  que nos salve para sempre

   de morte.

Ilustração: www.taringa.net

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