Saturday, June 14, 2014

Manuel Garcia Vinó



ESCORPIÓN

Manuel Garcia Vinó

Yo nací con los labios tendidos hacia el beso,
llevando en la garganta
este tremendo grito involuntario
y, en el pecho, la curva de un abrazo.

Yo no agité los vientos de mis acantilados
ni levanté clamores en mis mares de sangre;
yo no inventé tormentas ni  oleajes
ni puse en el rugido tu nombre y mi llamada.

En mis manos ya estaban las furias retratadas
y mi llanto de niño
fue un llanto de inocente condenado.

Si lastimé tu pecho, no me culpes.
Yo no pedí estas garras
que sin querer afilo entre mis piernas.

He llegado empujado,
vestido con el traje que me dieron.

Yo no crucé tu ruta con la mía.


ESCORPIÃO

Eu nasci com os lábios estendidos até o beijo,
levando na garganta
este tremendo grito involuntário
e no peito, a curva de um abraço.

Eu não agitei os ventos de meus penhascos
nem levantei meus clamores em meus mares de sangue;
eu não inventei tormentas nem marés
nem pus no rugido teu nome e minha chamada.

Nas minhas mãos já estavam as fúrias retratadas  
e meu pranto de menino
foi um pranto de inocente condenado.

Se lastimei no teu peito, não me culpes.
Eu não pedi estas garras
que, sem querer eu afio entre minhas pernas.

Eu cheguei empurrado,
vestido com os trajes que me deram.

Eu não cruzei a tua rota com a minha.

Ilustração: www.navegandonaweb.com

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