Saturday, April 23, 2016

CORPO DESANIMADO


Que eu não sou mais eu/me esclarece o espelho/onde um olhar vermelho/parece não cessar/ de muito reclamar/ de pretender chorar./Bem sei, não vai passar,/pois, nem me reconheço/nas palavras que teço/ sem versos, melodias, rimas/despidas de beleza,/flores despetaladas,/ páginas tão manchadas/ das tintas dos escritos/ que são como se gritos/ de socorro somente,/mas, que são só as sementes/de dores e tristezas./Não sou mais nem poeta/ exilado dos sonhos/ me sinto separado/dos prazeres risonhos/ do teu olhar e beijos/castrado de desejos./ Me sinto um prisioneiro/ julgado e condenado/ que tem por derradeiro/ castigo aplicado/amar e sendo amado/viver sem seu amor/eternamente preso as cadeias da dor.


Ilustração: irismaroliveira.blogspot.com

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