Monday, November 07, 2016

Uma poesia de Julio Huasi




SABOTAJE

Julio Huasi

dentro mío alguien solloza y no sé quién es,
quizá fuera yo mismo perdido hace tiempo
y no pude salir encerrado como un niño
cuyos padres fueron a dar sangre
a un almacén, un usurero, un hospital
y nunca regresaron. Pudiera ser
también que un extraño entró por ósmosis,
la cosa es que el sujeto llora sin parar
como si muchos difuntos lo rodearan.
No doy más, hoy día me abro con las uñas
para verle la cara y expulsarlo de una vez
y no me importa que no tenga donde ir.
Estamos en guerra, carajo, aquí no llora nadie.

SABOTAGEM

Dentro de mim alguém soluça e não sei quem é,
quem sabe seja eu mesmo, perdido faz tempo
e não possa sair encarcerado como um menino
cujos pais foram dar o sangue
em um armazém, a um usurário, a um hospital
e nunca voltaram. Poderia ser
também que um estranho entrou por osmose,
a coisa é que o sujeito chora sem parar
como se muitos defuntos o rodeassem.
Não dói mais, hoje em dia me abro com as unhas
para ver-lhe a cara e expulsá-lo de uma vez
e não me importa que não tenha onde ir.
Estamos em guerra, caralho, aqui ninguém chora. 

Ilustração: www.portalmariana.org

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