Monday, July 23, 2018

Uma poesia de Aurora Luque



















SÍNDROME 
DE
ABSTINENCIA              
Aurora Luque

No es tan tóxico ya: también caduca
el amor en la fecha señalada en su dorso.
Ya no es ese veneno
tan eficaz, ni acaso necesaria
la urgente sobredosis. Qué cualidad letal
la del amor filtrado en la memoria.
Regreso a las palabras y compruebo que nunca
se contagian o enferman con las fases
de mi intoxicación o mi delirio.

Siempre más sanas, siempre
a punto de ser dadas de alta y de dejarme
un poco más enferma. Y nunca simultánea
he sentido la fiebre en mi otro cuerpo,
el que tiene por vísceras palabras.

SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

Não é tão tóxico já: também expira
o amor na data indicada nas suas costas.
Já não é esse veneno
tão eficaz, nem acaso necessário
a urgente overdose. Que qualidade letal
a do amor filtrado na memória.
Volto às palavras e comprovo que nunca
se  contagiam ou ficam doentes com as fases
da minha intoxicação ou meu delírio.

Sempre mais saudáveis, sempre
a ponto de ser dada alta e deixar-me
um pouco mais doente E nunca simultaneamente
senti a febre no meu outro corpo,
o que tem as palavras como vísceras.

Ilustração: Pintarest.


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