Friday, March 12, 2021

Uma poesia de Isabel González Gil


LA CHICA DEL TAMBOR

Isabel González Gil

En el sueño no nos compromete esta escena.

Quién puede pedirme cuentas

por recibirte en mi cama

si llegas huyendo de una persecución,

o a ti por ser un bebedor matutino.

Después de todo, eso lo vi

en una película al acostarme.

Nadie puede achacarnos

que utilice tu cara para representar

el papel de ese espía tan perturbador.

Las palabras no pesan en los días sucesivos,

aun así, no recuerdo que confieses

haberme amado nunca,

ni aquello que intuía tras tu desamparo.

Siempre son aventuras breves

y un poco enloquecidas.

Con todo, me alegro de encontrarte

en este teatro de sueños,

aunque haya pasado tiempo

y tú hayas formado algo más sólido

que esta etérea realidad que compartimos.

El tacto de la piel no cambia en el recuerdo

aunque no pueda evitar que te deshagas

y ya no estés al despertarme

ni podamos pedir cuentas

a los instantes que mudan

por su fugacidad.

 

A GAROTA DO TAMBOR

No sonho não nos compromete a cena.

Quem pode me pedir contas

por receber-te em minha cama

se chegas correndo de uma perseguição,

ou a ti por ser um bebedor matutino.

Depois de tudo, isso vi

num filme ao me deitar,

ninguém poderá me acusar

que utilizei o teu rosto para representar

o papel daquele espião perturbador.

As palavras não pesam nos dias sucessivos,

Ainda assim, não lembro que confesses

haver me amado nunca,

nem aquilo que intuía por trás de teu desamparo.

Sempre são aventuras breves

e um pouco enlouquecidas.

Contudo, me alegro em ti encontrar

neste teatro de sonhos,

ainda que haja passado o tempo

e tu tenhas formado algo mais sólido

que esta etérea realidade que compartilhamos.

O toque da pele não mudou na lembrança

ainda que não possa impedir que te desfaças

e já não esteja aqui ao despertar

nem podemos pedir contas

aos instantes que mudam

por sua fugacidade.

Ilustração: https://bachmannfashion.blogspot.com/.

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