Ó minha deusinha abandonada,
minha
encantada Despina,
senhora
das sombras e das geadas,
que
bem sabe que somos nada.
Minha deusinha branquela,
desbotada, alva,
como se tivesse sido
banhada de alvejante.
Minha deusinha fulgurante,
que me parece amarela,
negra, cambiante,
furta-cor, arco-íris,
me socorre neste
instante,
em que te pensas
esquecida
sem saber que, por ti,
rezo toda vida,
no meio desta loucura
desinibida
dos homens insensatos
que bradam por motivos
fúteis
e brigam como gatos.
Pode ser que minhas
preces sejam inúteis,
mas, dai-me, minha
deusinha,
teu amor, teus beijos, teus
carinhos
muito além dos tempos
esquisitos
do coronavírus, que
enfrentamos agora.
Sei que não é hora
de dizer do meu amor por
ti.
Minha deusinha,
o isolamento
não nos aproxima,
nem no pensamento,
porém, os deuses olham
tudo de cima,
e sabem o que não
sabemos.
Ah! Minha deusinha,
bebo minha tacinha
de vinho, bruto,
fumo um charuto,
e canto,
por engano um salmo,
como se fosse um canto
gregoriano,
desafinado como sempre
fui
diante de um mundo que
parece rui.
Entretanto, tenho a fé
dos teus fiéis,
bem sei,
que, sobreviverei,
para beijar teus pés!!!
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