Merkell,
el matemático, desmonta las matemáticas
Alberto
Szpunberg
Un
hombre, el más solo de los solos, ¿es sólo el más solo de los solos? ¿es sólo
un hombre solo?
en
la boca del hambriento, por ejemplo, un día + otro día no son dos días sino una
eternidad,
un
árbol + otro árbol tampoco son dos ni mucho menos un bosque, aunque bajo la
lluvia, sobretodo en otoño, cale hasta los huesos la tristeza,
una
lluvia + los charcos entre las hojas + el camino de tierra que lleva hacia
otros pueblos no son tres sino el mismo otoño del que hablaba,
las
cuatro estaciones, a grosso modo, son siembra y cosecha,
cinco
son los libros pero son uno y caben en una sola mano cuando ésta se abre como
un libro,
la
raíz cuadrada de un roble padece por cada hoja arrancada y se abraza a la
tierra
desesperadamente
hasta engendrar nuevos robles donde ya se oyen cantar los pájaros que se va
siempre por las ramas,
no
es lo mismo restar horas que la última hora o dividir de un golpe los pocos
dientes que aún sonríen, dividir para gobernar no es dividir ni gobernar cuando
amar es crecer y multiplicarse,
¿qué
recta es la distancia más corta entre un pájaro y un suspiro, entre una vocal y
una
consonante, entre mañana y lo que
vendrá?
Nunca
alcanzan los dedos para contar ni un solo segundo de sufrimiento,
pero
hasta el mismo infinito siente envidia de un corazón que ríe.
MERKELL, O MATEMÁTICO, DESMONTA ÀS
MATEMÁTICAS
Um
homem, o mais só dos sós, é só mais só dos sós? Ou é só um homem sozinho?
na
boca do faminto, por exemplo, um dia + outro dia não são dois dias, mas, sim
uma
eternidade
uma
árvore + outra árvores tampouco são duas nem muito menos uma bosque, ainda que
sob a chuva, sobretudo em outono, cale até os ossos de tristeza,
uma
chuva + os pântanos entre as folhas + o caminho da terra que leva até outros
povos
não são três senão o mesmo outono do qual falava,
as
quatro estações, a grosso modo, são a semeadura e a colheita,
cinco
são os livros, porém, são um e cabem em uma só mão quando esta se abre como
um
livro,
a
raiz quadrada de um carvalho padece por cada folha arrancada e se abraça à
terra
desesperadamente
até engendrar novos carvalhos onde se ouvem cantar os pássaros
que
brincam sempre sobre os galhos,
não
é o mesmo restar horas que a última hora ou dividir de um golpe os poucos
dentes
que
ainda sorriem, dividir para governar não
é dividir nem governar quando amar é crescer e multiplicar-se
que
reta é a distância mais curta entre um pássaro e um suspiro, entre uma vogal e
uma consoante, entre a manhã e o que virá:
Nunca
alcançam os dedos para contar nem um só segundo de sofrimento,
porém,
até mesmo o infinito sente inveja de um coração que ri.
Ilustração:
vanderleyac.blogspot.com
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