Friday, October 20, 2017

Outra poesia de Antonella Anedda


Exilium = 0-2014
                      …plenum exiliis mare, infecti caedibus scopuli.
                                                        Tacito, Historie

Antonella Anedda

Oggi penso ai due dei tanti morti affogati
a pochi metri da queste coste soleggiate
trovati sotto lo scafo, stretti, abbracciati.
Mi chiedo se sulle ossa crescerà il corallo
e cosa ne sarà del sangue dentro il sale,
allora studio – cerco tra i vecchi libri
di medicina legale di mio padre,
un manuale dove le vittime
sono fotografate insieme ai criminali
alla rinfusa: suicidi, assassini, organi genitali.
Niente paesaggi solo il cielo d’acciaio delle foto, raramente una sedia
un dorso coperto da lenzuolo, i piedi sopra una branda, nudi.
Leggo. Scopro che il termine esatto è livor mortis.
Il sangue si raccoglie in basso, si raggruma
prima rosso poi livido infine si fa polvere
e può sciogliersi nel sale.

EXÍLIO=0-2014

                               ....em pleno o exílio do mar, infectando as falésias mortas
                                                                   Tacito, História

Hoje penso em dois dos tantos que morrem afogados
a poucos metros das costas ensolaradas
encontrados sob o casco, apertados num abraço.
Me indago se o coral crescerá nos ossos
e o que será o sangue dentro do sal,
depois estudo – leio nos livros antigos
de medicina legal do meu pai,
um manual onde as vítimas
são fotografadas juntas com criminosos
em massa: suicídio, assassino, órgãos genitais.
Sem paisagens só o céu de aço das fotos, raramente uma cadeira
um dorso coberto com uma folha, os pés levantados de uma morena, nua.
Leio. Descubro que o termo exato é rigor mortis.
O sangue se recolhe no fundo, dobra-se
primeiro o hematoma fica vermelho, depois lívido, por fim como poeira
pode se derreter no sal.

Ilustração: blog do professor marciano dantas – blogger. 


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