DECLARACIÓN DE QUIEBRA
Eduardo
Llanos Melussa
Me
cansas, poesía, rumorosa felina,
musa
musitadora, golondrina fogosa.
Pero
aunque te niego, persisto en esta cosa
de
creer que un incendio se apaga con bencina.
Me
asomo a la ventana, descorro la cortina
y
creo verme pasar: voy a cavar mi fosa
y
a grabar mi epitafio (“Bajo tierra reposa
un
iluso que quiso filmar en la neblina”).
Porfiada
tortícolis de ser juez y ser parte,
emitiendo
y tasando, como monedas duras,
acciones
de mi endeble empresa de papel.
Ni
poeta ni sastre: estoy harto de este arte
de
enhebrar agujas en tu pieza a oscuras
y
de hilvanarte fundas, serpiente cascabel.
DECLARAÇÃO DE QUEBRA
Me
cansas, poesia, rumorosa felina,
musa
musical, andorinha fogosa.
porém,
ainda que te negue, persisto nesta coisa
de
crer que um incêndio se apaga com benzina.
Me
aproximo da janela, descerro a cortina
e
creio me ver passar: vou cavar meu túmulo
e
gravar meu epitáfio ("Sob a terra descansa
um
iludido que quis filmar na neblina").
Dolorosos
torcicolos de ser um juiz e ser parte,
emitindo
e taxando, como moedas duras,
ações
da minha frágil empresa de papel.
Nem
poeta nem alfaiate: estou cansado desta arte
de
enfiar agulhas em tuas peças escuras
e
de me perder em seus meandros, serpente, cascavel.
No comments:
Post a Comment