Friday, October 20, 2017

Uma poesia de Eduardo Lhanos Melussa


DECLARACIÓN DE QUIEBRA

Eduardo Llanos Melussa                                                           

Me cansas, poesía, rumorosa felina,
musa musitadora, golondrina fogosa.
Pero aunque te niego, persisto en esta cosa
de creer que un incendio se apaga con bencina.

Me asomo a la ventana, descorro la cortina
y creo verme pasar: voy a cavar mi fosa
y a grabar mi epitafio (“Bajo tierra reposa
un iluso que quiso filmar en la neblina”).

Porfiada tortícolis de ser juez y ser parte,
emitiendo y tasando, como monedas duras,
acciones de mi endeble empresa de papel.

Ni poeta ni sastre: estoy harto de este arte
de enhebrar agujas en tu pieza a oscuras
y de hilvanarte fundas, serpiente cascabel.

DECLARAÇÃO DE QUEBRA

Me cansas, poesia, rumorosa felina,
musa musical, andorinha fogosa.
porém, ainda que te negue, persisto nesta coisa
de crer que um incêndio se apaga com benzina.

Me aproximo da janela, descerro a cortina
e creio me ver passar: vou cavar meu túmulo
e gravar meu epitáfio ("Sob a terra descansa
um iludido que quis filmar na neblina").

Dolorosos torcicolos de ser um juiz e ser parte,
emitindo e taxando, como moedas duras,
ações da minha frágil empresa de papel.

Nem poeta nem alfaiate: estou cansado desta arte
de enfiar agulhas em tuas peças escuras
e de me perder em seus meandros, serpente, cascavel.


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