Saturday, October 28, 2017

Outra poesia de Eduardo Lhanos Melussa

 
AMAPOLA MARINA                                                                    
Eduardo Llanos Melussa

Ahora que fulguras desnuda en la penumbra
y me roza el murmullo de tu busto vibrante,
ahora que tus muslos son dos auriculares
latiendo en mis oídos como ríos de música;

ahora que en mis sienes siento dos mordeduras
y tu aliento me deja en la frente un tatuaje,
ahora que tu blusa y tu falda flameante
hieren mi mano ardiente como al diente la fruta:

deshojada ya yaces, amapola marina.
Pescador capturado, encallado velero,
yo también yazgo ahora en tu arena amarilla.

En silencio contemplo el templo de tu cuerpo,
me afano y me afino de oído y de tacto
y oigo bajo tu piel un canto gregoriano.

AMAPOLA MARINHA

Agora que brilhas desnuda na escuridão
e me roça o murmúrio de teus seios vibrantes,
agora que tuas coxas são dois fones de ouvido
latejando em meus ouvidos como rios de música;

agora que em meu peito sinto duas mordidas
e sua respiração me deixa, na testa, uma tatuagem,
agora que tua blusa e saia flamejantes
ferem minha mão ardente como um dente à fruta:

desfolhada já jazes, papoula do mar.
Pescador capturado, encalhado veleiro,
Eu também estaciono agora na tua areia amarela.

Em silêncio contemplo o templo do teu corpo,
trabalho duro para afinar o ouvido e o tato
e ouço, debaixo de tua pele, um canto gregoriano.


Ilustração: Amapola Oraculo – blogger. 

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