Wednesday, January 03, 2018

Uma poesia de Aurora Luque

Síndrome de abstinencia                                 
Aurora Luque

No es tan tóxico ya: también caduca
el amor en la fecha señalada en su dorso.
Ya no es ese veneno
tan eficaz, ni acaso necesaria
la urgente sobredosis. Qué cualidad letal
la del amor filtrado en la memoria.
Regreso a las palabras y compruebo que nunca
se contagian o enferman con las fases
de mi intoxicación o mi delirio.

Siempre más sanas, siempre
a punto de ser dadas de alta y de dejarme
un poco más enferma. Y nunca simultánea
he sentido la fiebre en mi otro cuerpo,
el que tiene por vísceras palabras.

SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

Não é tão tóxico: também expira
Amor na data indicada nas costas.
Já não é esse veneno
tão eficaz, ou, por acaso, necessário
a urgente overdose. Que qualidade letal
a do amor filtrada na memória.
Regresso às palavras e comprovo que nunca
se contagiam ou enfermam com as fases
da minha intoxicação ou do meu delírio.

Sempre mais sã, sempre
a ponto de ser dada alta e me deixar
um pouco mais doente E nunca em simultâneo
sinto a febre no meu outro corpo,
o que tem por vísceras as palavras.

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