Tuesday, January 23, 2018

E retorna Pablo Neruda

TU RISA                                               
Pablo Neruda

Quítame el pan, si quieres,
quítame el aire, pero
no me quites tu risa.

No me quites la rosa,
la lanza que desgranas,
el agua que de pronto
estalla en tu alegría,
la repentina ola
de plata que te nace.

Mi lucha es dura y vuelvo
con los ojos cansados
a veces de haber visto
la tierra que no cambia,
pero al entrar tu risa
sube al cielo buscándome
y abre para mi todas
las puertas de la vida.

Amor mío, en la hora
más oscura desgrana
tu risa, y si de pronto
ves que mi sangre mancha
las piedras de la calle,
ríe, porque tu risa
será para mis manos
como una espada fresca.

Junto al mar en otoño,
tu risa debe alzar
su cascada de espuma,
y en primavera, amor,
quiero tu risa como
la flor que yo esperaba,
la flor azul, la rosa
de mi patria sonora.

Ríete de la noche,
del día, de la luna,
ríete de las calles
torcidas de la isla,
ríete de este torpe
muchacho que te quiere,
pero cuando yo abro
los ojos y los cierro,                           
cuando mis pasos van,
cuando vuelven mis pasos,
niégame el pan, el aire,
la luz, la primavera,
pero tu risa nunca
porque me moriría.
                
O TEU RISO

Retira-me o pão, se queres,
retira-me o ar, porém,
não me retire o teu riso.

Não me retire a rosa,
a lança que derramas,
a água que de repente
explode em tua alegria,
de inesperada onda
de prata que de ti nasce.

Minha luta é difícil e volto
com os olhos cansados,
às vezes, tendo visto
a terra que não muda,
porém, quando entra tua risada
sobe até o céu me buscando
e abre para mim todas
as portas da vida

Meu amor, na hora
mais escura da vida
derrama tua risada e, de repente
verás que minhas manchas de sangue
nas pedras da rua,
riem porque tua risada
será para as minhas mãos
como uma nova espada.

Junto do mar no outono,
o teu riso deve subir
a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como
a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Rias tu da noite,
do dia, da lua,
rias tu das ruas
curvas da ilha,
rias tu deste rapaz
tonto que te ama,
porém, quando abro
os olhos e os fecho,
quando os meus passos vão,
quando os meus passos voltam,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
porém, o teu riso nunca
porque sem ele eu morreria.


Ilustração: Pense e Sonhe. Viva! - blogger. 

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