Monday, August 20, 2018

Mais uma poesia de José Emilio Pacheco


PRESENCIA                 
José Emilio Pacheco

¿Qué va a quedar de mí cuando me muera
sino esta llave ilesa de agonía,
estas pocas palabras con que el día,
dejó cenizas de su sombra fiera?

¿Qué va a quedar de mí cuando me hiera
esa daga final? Acaso mía
será la noche fúnebre y vacía
que vuelva a ser de pronto primavera.

No quedará el trabajo, ni la pena
de creer y de amar. El tiempo abierto,
semejante a los mares y al desierto,

ha de borrar de la confusa arena
todo lo que me salva o encadena.
Más si alguien vive yo estaré despierto.

PRESENÇA

O que há de ficar de mim quando morrer
senão esta chave ilesa de agonia,
estas poucas palavras com que o dia,
deixou as cinzas de sua sombra bravia?

O que ficará de mim quando me fira
aquele punhal fatal? Minha por acaso
será a noite fúnebre e vazia
que volte a ser, logo, primavera.

Não ficará o trabalho, nem a pena
de crer e amar. O tempo aberto,
semelhante aos mares e ao deserto,

há de apagar na areia confusa
tudo que me salva ou me encadeia.
Mas, se alguém vive eu estarei desperto.

Ilustração: igrejadasnacoes.com.

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