Monday, August 13, 2018

Uma poesia de Roberto Bolãno








LLUVIA                                                                 Roberto Bolãno

Llueve y tú dices es como si las nubes
lloraran. Luego te cubres la boca y apresuras
el paso. ¿Como si esas nubes escuálidas lloraran?
Imposible. Pero entonces, ¿de dónde esa rabia,
esa desesperación que nos ha de llevar a todos al diablo?
La Naturaleza oculta algunos de sus procedimientos
en el Misterio, su hermanastro. Así esta tarde
que consideras similar a una tarde del fin del mundo
más pronto de lo que crees te parecerá tan sólo
una tarde melancólica, una tarde de soledad perdida
en la memoria: el espejo de la Naturaleza. O bien
la olvidarás. Ni la lluvia, ni el llanto, ni tus pasos
que resuenan en el camino del acantilado importan;
Ahora puedes llorar y dejar que tu imagen se diluya
en los parabrisas de los coches estacionados a lo largo
del Paseo Marítimo. Pero no puedes perderte.

CHUVA

Chove e tu dizes é como se as nuvens
chorassem. Logo tu cobres a boca e apressas
o passo. Como se essas nuvens esquálidas chorassem?
Impossível. Porém, então, de onde é que essa raiva,
esse desespero que há de nos levar todos ao diabo?
A natureza oculta alguns dos seus procedimentos
no Mistério, seu meio-irmão. Assim esta tarde
que consideras similar a uma tarde do fim do mundo
mais cedo do que acreditas te parecerá apenas
uma tarde melancólica, uma tarde de solidão perdida
na memória: o espelho da natureza. Ou bem
a esquecerás. Nem a chuva, nem o pranto, nem os teus passos
que ressoam no caminho do penhasco importam;
Agora podes chorar e deixar que tua imagem se dilua
nos para-brisas de carros estacionados ao longo
do Passeio Marítimo. Porém, não podes perder-te.

Ilustração: Melanie Martins. 

No comments: