Tuesday, August 28, 2018

Uma poesia de Eunice Odio


Poema primero (Posesión en el sueño)                             

Eunice Odio

Ven
Amado

Te probaré con alegría.
Te soñaré conmigo esta noche.

Tu cuerpo acabará
donde comience para mí
la hora de tu fertilidad y tu agonía;
y porque somos llenos de congoja
mi amor por ti ha nacido con tu pecho,
es que te amo en principio por tu boca.

Ven
Comeremos en el sitio de mi alma.

Antes que yo se te abrirá mi cuerpo
como mar despeñado y lleno
hasta el crepúsculo de peces.
Porque tú eres bello,
hermano mío,
eterno mío dulcísimo.

Tu cintura en que el día parpadea
llenando con su olor todas las cosas,
tu decisión de amar,
de súbito,
desembocando inesperado a mi alma,

Tu sexo matinal
en que descansa el borde del mundo
y se dilata.

Ven

Te probaré con alegría.

Manojo de lámparas será a mis pies tu voz.

Hablaremos de tu cuerpo
con alegría purísima,
como niños desvelados a cuyo salto
fue descubierto apenas, otro niño,
y desnudado su incipiente arribo,
y conocido en su futura edad, total , sin diámetro,
en su corriente genital más próxima,
sin cauce, en apretada soledad.

Ven
te probaré con alegría.

Tú soñarás conmigo esta noche,
y anudarás aromas caídos nuestras bocas.

Te poblaré de alondras y semanas
eternamente oscuras y desnudas.

Poema primeiro (Posse no sonho)

Vem
Amado

Te provarei com alegria.
Sonharei contigo esta noite.

Teu corpo acabará
onde começa para mim
a hora de tua fertilidade e de tua agonia;
e porque estamos cheios de tristeza
meu amor por ti nasce com teu peito,
é que te amo em princípio pela tua boca.

Vem
Comeremos no lugar da minha alma.

Antes que eu se abrirá meu corpo
como um mar atropelado  e cheio
até o crepúsculo dos peixes.
Porque tu és belo,
meu irmão,
eterno meu docíssimo.

Tua cintura onde o dia brilha
enchendo todas as coisas com o teu cheiro,
tua decisão de amar,
de repente,
desembocando inesperada na minha alma

Teu sexo matinal
em que descansa a borda do mundo
e se dilata.

Vem

Te provarei com alegria.

Um monte de lâmpadas será tua voz aos meus pés.

Falaremos sobre o teu corpo
com puríssima alegria,
como crianças sem sono, cujo salto
foi descoberto apenas por outra criança
e despojado de sua chegada incipiente,
e conhecido na sua idade futura, total, sem diâmetro,
em sua corrente genital mais próxima,
sem leito, em apertada solidão.

Vem
te provarei com alegria.

Tu sonharás comigo esta noite,
e amarrarás aromas caídos em nossas bocas.

Te povoarei com cotovias e semanas
eternamente escuras e nuas.

Ilustração: RTP.

No comments: