Thursday, January 28, 2021

E, de volta, Michael Palmer

 


Autobiography


Michael Palmer

 

All clocks are clouds.

Parts are greater than the whole.

A philosopher is starving in a rooming house, while it rains outside.

He regards the self as just another sign.

Winter roses are invisible.

Late ice sometimes sings.

 

A and Not-A are the same.

My dog does not know me.

Violins, like dreams, are suspect.

I come from Kolophon, or perhaps some small island.

The strait has frozen, and people are walking—a few skating—across it.

On the crescent beach, a drowned deer.

 

A woman with one hand, her thighs around your neck.

The world is all that is displaced.

Apples in a stall at the streetcorner by the Bahnhof, pale yellow to blackish red.

Memory does not speak.

Shortness of breath, accompanied by tinnitus.

The poet’s stutter and the philosopher’s.

 

The self is assigned to others.

A room for which, at all times, the moon remains visible.

Leningrad cafe: a man missing the left side of his face.

Disappearance of the sun from the sky above Odessa.

True description of that sun.

A philosopher lies in a doorway, discussing the theory of colors

 

with himself

the theory of self with himself, the concept of number, eternal return, the sidereal pulse

logic of types, Buridan sentences, the lekton.

Why now that smoke off the lake?

Word and things are the same.

 

Many times white ravens have I seen.

 

That all planes are infinite, by extension.

She asks, Is there a map of these gates?

She asks, Is this one called Passages, or is that one to the west?

Thus released, the dark angels converse with the angels of light.

They are not angels.

Something else.

 

AUTOBIOGRAFIA

Todos os relógios são nuvens.

As partes são maiores do que o todo.

Um filósofo está morrendo de fome em uma pensão, enquanto chove lá fora.

Ele se considera a si mesmo como mais um sinal.

As rosas de inverno são invisíveis.

O gelo tardio algumas vezes canta.

 

A e Não-A são iguais.

Meu cachorro não sabe quem sou.

Os violinos, como os sonhos, são suspeitos.

Eu venho de Kolophon, ou talvez de alguma pequena ilha.

O estreito congelou e as pessoas estão andando - algumas patinando - por ele.

Na praia crescente, um veado afogado.

 

Uma mulher com uma mão, com as coxas em volta do seu pescoço.

O mundo é tudo o que está se perdendo.

Maçãs em uma barraca na esquina da Bahnhof, de amarelo claro a vermelho escuro.

A memória não fala.

Falta de ar, acompanhada de zumbidos.

A gagueira do poeta e a do filósofo.

 

O eu é atribuído a outros.

Uma sala para a qual, em todos os momentos, a lua permanece visível.

 

Leningrado Café: um homem faltando o lado esquerdo do rosto.

Desaparecimento do sol do céu acima de Odessa.

Descrição verdadeira daquele sol.

Um filósofo está em uma porta, discutindo a teoria das cores

 

com ele mesmo

a teoria do self consigo mesmo, o conceito do número, o eterno retorno, o pulso sideral

a lógica dos tipos, frases de Buridan, o lekton.

Por que agora aquela fumaça do lago?

Palavras e coisas são iguais.

Muitas vezes vi corvos brancos.

 

Que todos os planos são infinitos, por extensão.

Ela pergunta: há um mapa desses portões?

Ela pergunta: este é chamado de passagens, ou aquele que está a oeste?

Assim liberados, os anjos das trevas conversam com os anjos da luz.

Eles não são anjos.

Algo mais.

 

Ilustração: https://www.flaticon.com/.

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