Friday, January 29, 2021

Mais uma poesia de Juan Bello Sánchez


 

LA VELOCIDAD DE LAS COSAS CUANDO NADIE MIRA

Juan Bello Sánchez

La casa se mueve muy despacio,

como una alfombra

sobre la que se revuelve la hojarasca.

Los huecos que dejan las personas

cuando se marchan

dan forma a las sillas.

 

Miro el otoño: la distancia es mayor

en los cajones

donde hay fotografías o cartas.

 

Las cartas llegan siempre

desde algún punto del pasado, pienso.

Y el pasado es un barco

que no termina nunca de hundirse.

 

A VELOCIDADE DAS COISAS QUANDO NADA OLHA

A casa se move muito devagar,

como um tapete

sobre o qual se mexem as folhas secas.

As lacunas que deixam as pessoas

Quando se vão

dão formas as cadeiras.

 

Olho o outono: a distância é maior

nas gavetas

onde há fotografias ou cartas.

 

As cartas chegam sempre

De algum ponto do passado, penso.

E o passado é um barco

que não termina nunca de afundar-se.

Ilustração: https://www.ocafezinho.com/. 

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