Dez anos atrás traduzi este poema. Não gostei da tradução na época, inclusive com um erro, pois, na pressa de postar, esqueci de retirar uma palavra. Mas, fui esquecendo de refazer, apesar de um comentário correto que me fizeram sobre sua interpretação. Só agora, nem sei a razão, talvez, o ócio da pandemia, me fez voltar para traduzir melhor. E a poesia de Salinas é linda.
LA VOZ A TI DEBIDA
Pedro Salinas
La
forma de querer tú
es
dejarme que te quiera.
El
sí con que te me rindes
es
el silencio. Tus besos
son
ofrecerme los labios
para
que los bese yo.
Jamás
palabras, abrazos,
me
dirán que tú existías,
que
me quisiste: jamás.
Me
lo dicen hojas blancas,
mapas,
augurios, teléfonos;
tú,
no.
Y
estoy abrazado a ti
sin
preguntarte, de miedo
a
que no sea verdad
que
tú vives y me quieres.
Y
estoy abrazado a ti
sin
mirar y sin tocarte.
No
vaya a ser que descubra
con
preguntas, con caricias,
esa
soledad inmensa
de
quererte sólo yo.
A VOZ A TI DEVIDA
Tua
forma de me querer
é
deixar-me que te queiras.
É
assim como tu me rendes
com
o silêncio. Teus beijos
se oferecem aos meus lábios
para
que os beije eu.
Jamais
palavras, abraços,
me
dirão que tu existias,
que
me quisestes: jamais.
Me
dizem as folhas brancas,
mapas,
augúrios, telefonemas,
tu,
não.
E
estou abraçado a ti
sem
te perguntar, com medo
de
que não seja verdade
que
tu vives e me queres.
E
estou abraçado a ti
sem
olhar e sem tocar-te.
Não
vou ser quem descubra
com
perguntas, com carícias,
esta
solidão imensa
de só eu te querer.
Ilustração:
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