Monday, January 31, 2011
E mais maquinal que nunca...Severo Sarduy
El rumor de las máquinas crecía...
Severo Sarduy
El rumor de las máquinas crecía
en la sala contigua: ya mi espera
de un adjetivo -o de tu cuerpo- no era
más que un intento de acortar el día.
La noche que llegaba y precedía
el viento del desierto, la certera
luz -o tus pies desnudos en la estera-
del ocaso, su tiempo suspendía.
No recuerdo el amor sino el deseo:
no la falta de fe, sino la esfera-
imagen confrontando su espejeo
con la textura blanca, verdadera
página -o tu cuerpo que aún releo-;
vasto ideograma de la primavera.
O rumor das máquinas crescia ...
O rumor das máquinas crescia
na sala ao lado, e a minha espera
de um adjetivo, o de teu corpo, não era
mais do que uma tentativa de encurtar o dia.
Na noite em que chegava e precedia
do vento do deserto, a certeira
luz, ou teus pés desnudos sobre a esteira,
o ocaso, o tempo suspendia.
Não me lembro de amor, mas, do desejo:
não a falta de fé, mas, a esfera
imagem confrontada que, no espelho, vejo
com a textura branca, verdadeira
página, o teu corpo ainda revejo
vasto ideograma da primavera.
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1 comment:
Belíssimo e extraordinário poema!
As máquinas de qualquer serventia, não só tomaram o lugar do homem, mas do amor, do espaço para uma conversa franca. Breve esqueceremos desejo e fé.
Aí é o fim!
Excelente Severo Sarduy!
Abraços
Mirze
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