Thursday, January 14, 2016

Longo poema da pequenez da infelicidade passageira



Que buscas ainda, Silvio?
Se, já, as emoções são tão poucas
E perdestes as ilusões,
o encanto de uma voz rouca
que, talvez, em algum tempo
poderia te ter feito feliz?

Sossega Silvio.
Amor não há.
O amor é isto mesmo:
anteontem, a paixão;
ontem, o vício;
hoje, este querer morno;
amanhã, quem sabe, a amizade
ou a indiferença.

Nesta quinta-feira
em que te sentes tão pequeno,
tão sem forças,
tão desamparado,
tão inútil
quanto sem rumo
pensa no imprevisto,
nos dias que virão,
que são tua esperança.

Hoje, por falta de perspectiva,
tenta fazer uma poesia,
mesmo como esta horrível
e sem graça.
E sai.
Vai para a rua,
espanta os pombos na praça,
come, mesmo que o gosto seja ruim,
bebe contra a tua vontade
de se dissolver no espaço
do imensamente  nada,
que, tu bem sabes,
sempre fostes...

Tu, desde pequeno sabes,
sempre soubestes,
que a vida não tem final feliz.
Não continue a se enganar.
Solução não há.
Segue..
Que a própria vida há de se escoar...

Até que não poderás mais nem ser infeliz
e, uns poucos, chorarão por ti.
E o esquecimento
há de esconder tua infelicidade, por maior que ela seja. 
Força um sorriso
e que Deus te proteja! 

Ilustração: www.contioutra.com

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