Friday, January 29, 2016

Mais um poema de Octavio Paz

                                                         
Todos los días descubro…
Octavio Paz
Según un poema de Fernando Pessoa

Todos los días descubro
La espantosa realidad de las cosas:
Cada cosa es lo que es.
Que difícil es decir esto y decir
Cuánto me alegra y como me basta.
Para ser completo existir es suficiente.

He escrito muchos poemas.
Claro, he de escribir otros más.
Cada poema mío dice lo mismo,
Cada poema mío es diferente,
Cada cosa es una manera distinta de decir lo mismo.

A veces miro una piedra.
No pienso que ella siente,
No me empeño en llamarla hermana.
Me gusta por ser piedra,
Me gusta porque no siente,
Me gusta porque no tiene parentesco conmigo.

Otras veces oigo pasar el viento:
Vale la pena haber nacido
Sólo por oír pasar el viento.

No sé qué pensarán los otros al leer esto
Creo que ha de ser bueno porque lo pienso sin esfuerzo;
Lo pienso sin pensar que otros me oyen pensar,
Lo pienso sin pensamientos,
Lo digo como lo dicen mis palabras.

Una vez me llamaron poeta materialista.
Y yo me sorprendí: nunca había pensado
Que pudiesen darme este o aquel nombre.
Ni siquiera soy poeta: veo.
Si vale lo que escribo, no es valer mío.
El valer está ahí, en mis versos.
Todo esto es absolutamente independiente de mi voluntad.

Todos os dias descubro

Segundo um poema de Fernando Pessoa

A espantosa realidade das coisas:
Cada coisa é o que é.
Que difícil é dizer isto
O quanto me alegra e o quanto me basta.
Para ser completo existir é suficiente.

Já escrevi muitos poemas.
Claro que hei de escrever outros mais.
Cada poema meu diz o mesmo.,
Cada poema meu é diferente,
Cada coisa é uma maneira distinta de dizer o mesmo.

Ás vezes, miro uma pedra.
Não penso que ela sente,
Não me empenho em chamá-la de irmã.
Me agrada por ser pedra,
Me agrada porque não sente,
Me agrada por não ter nenhum parentesco comigo.

Outras vezes ouço passar o vento:
Vale a pena ter nascido
Só para ouvir o vento passar.

Não sei o que pensarão os outros ao ler isto
Creio que há de ser bom porque o penso sem esforço;
O penso sem pensar que os outros me ouvem pensar,
O penso sem pensamentos,
O digo como o dizem minhas palavras.

Uma vez me chamaram de poeta materialista.
E eu me surpreendi: nunca havia pensado
Que pudessem me dar este ou aquele nome.
Nem sequer sou poeta: vejo.
Se vale o que escrevo,  não é valor meu.
O valor está aí, em meus versos.
Tudo isto é absolutamente independente de minha vontade.


Ilustração: heloisaconversandocomaspalavras2.blogspot.com

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