É claro que as feiticeiras
se passam por mulheres comuns
e usam caldeirões e talheres
como é normal em alguns
povos, que se dizem civilizados
(apesar de selvagens e malcomportados).
Que, agora, andam de metrô
ou de avião-
é coisa de geração,
necessidade e favor
(usar vassouras, no momento,
seria um dissabor).
Sei que ser feiticeira, meu amor,
é uma dádiva e um problema.
Pode-se pegar o ônibus errado
e perder oito anos num segundo
ou, com um piscar de olhos,
mudar o mundo.
Também, a partir de um sonho,
acertar na loteria
e, só por maldade,
ir viver sozinha em Porto Seguro
porquê não há como escapar da realidade,
o único pilar que temos
é o presente.
Ser feiticeira
é ser como a gente
com um pouco mais de compreensão,
acuidade, previsão
e a capacidade de rir da situação
mesmo sabendo que vai ser queimada!
Ilustração: De Arte em Arte.
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