LXXXVI
Tem certos dias em que
penso
que minha vida se esvaiu,
que tudo pelo qual lutei
ruiu
e não há no futuro senão
o da continuação deste
mundo sem esperança.
Me agarro,
com um fervor estranho à
fé.
Uma fé cega,
uma fé umbilical
num grande final.
Que a sorte,
que sempre me foi
madrasta,
abandone sua posição tão
casta
e, por fim, me enlace
reconhecendo, até por ser
mulher,
que precisa salvar os
homens bons.
Ó ilusão de moribundo!
A sorte, como Deus,
não está nem aí pro mundo
e sorri de que,
apesar de tudo que sofri,
não tenha aprendido que a
justiça é cega!
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