Tuesday, March 25, 2025

Shakespeare sempre até mal traído

 


SONNET XXIII

William Shakespeare
As an unperfect actor on the stage,
Who with his fear is put beside his part,
Or some fierce thing replete with too much rage,
Whose strength’s abundance weakens his own heart;
So I for fear of trust, forget to say,
The perfect ceremony of love’s rite,
And in mine own love’s strength seem to decay,
O’ercharged with burthen of mine own love’s might:
O let my looks be then the eloquence,
And dumb presagers of my speaking breast,
Who plead for love, and look for recompense,
More than that tongue that more hath more expressed.
O learn to read what silent love hath writ,
To hear with eyes belongs to love’s fine wit.

SONETO XXIII

Como um ator no palco imperfeito

Faz mal faz o seu papel só por temer,

Ou o que repleto de tanto ódio no peito

Cuja abundância da força faz o coração enfraquecer,

Assim eu, por temer a verdade, esqueço de dizer

A perfeita cerimônia do rito do amor;

E minha própria força do amor parece se perder,

Sobrecarregado com o fardo do poder do meu próprio amor:

Ó, que meus olhares sejam então a eloquência,

E os presságios mudos do meu falante peito,

Que imploram por amor e buscam recompensa,

Mais do que aquela língua que mais tem se expressado.

Ó, aprenda a ler o que o amor silencioso há sentenciado,

Ouvir com os olhos do amor pertence à fina inteligência.

Ilustração: Revista Oeste.

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