Friday, May 23, 2025

Um poema de Vievee Francis

 


THE POEMS REPEAT AS DREAMS AS TRARS

Vievee Francis

How to begin the story without being obvious:
the wet face, eyes swollen dim, the swallowed
moan … Who cares and Who cares, you ask. We all have
our pain, and it is so bloody boring, so obvious. But 
that is the point: there is a sword, and we know
it is a sword, but despite our knowing we accept
the dual. What remains curious is our umbrage
when the tip of the blade enters. We are shocked. Why 
do we never believe it will go through the skin,
that the skin, ephemeral as a cloud, does nothing to protect
the heart? I dream of Pushkin,  
in my arms. Thrust through. I give him my breast.
A man who would never have loved me.
I kiss the tight curls on top of his head. It is the moment 
after his duel for another’s love, another’s honor.
Being me, I believe I can save him. I can’t. 
When I wake from this dream he is dead.
But the dream repeats itself.
Every dusk,
the longing. Every daybreak the loss.

OS POEMAS SE REPETEM COMO SONHOS E LÁGRIMAS

Como começar a história sem ser óbvio:

o rosto molhado, os olhos inchados e turvos, o gemido

engolido... Quem se importa e quem se importa, você pergunta. Todos nós temos

a nossa dor, e ela é tão terrivelmente chata, tão óbvia. Mas

este é o ponto: há uma espada, e nós sabemos

que é uma espada, mas apesar de sabermos, nós aceitamos

a dualidade. O que permanece curioso é a nossa ofensa

quando a ponta da lâmina penetra. Nós ficamos chocados. Por que nunca acreditamos que ela atravessará a pele,

que a pele, efêmera como uma nuvem, não faz nada para proteger

o coração? Eu sonho com Pushkin,

nos meus braços. Enfiado neles. Dou-lhe o meu peito.

Um homem que nunca me teria amado.

Beijo os cachos firmes no topo da sua cabeça. É o momento

após o seu duelo pelo amor de outro, pela honra de outro.

Sendo eu, acredito que posso salvá-lo. Não consigo.

Quando acordo deste sonho, ele está morto.

Mas o sonho se repete. A cada anoitecer,

a saudade. A cada amanhecer, a perda.

Ilustração: YourClassical.

No comments: