CON EL ALMA
William Keith Sutherland
Tomé
mis pasos, fríos, húmedos igual que mi rostro, y emprendí el camino.
Mi
vida nómade, era suspiro deambulando entre tus hojas sin aún saberte cierta,
era viento raudo entre tus rocas marinas, era ola desmayada, esperando reventar
en tu mar nocturno, sonoro, infinito, orgásmico.
No
busqué y llegaste ¿A qué se debe tanta vida que me es legada?
Mi
silueta desnuda, inundada de raíces este campo santo que pare tanto olvido.
Mis
manos sembraban fugaces estrellas en medio de una despedida, bajo el pecho
pecoso de la diosa de este último firmamento.
La
lluvia besaba el granito de mi lengua versada en la pureza, como soltura de un
espíritu escondido entre la hierba fresca, agitada por las manos de ausentes
dioses, en esta indolente lejanía.
Insondable
es mi reflejo, un pálpito anacoreta, un hacha anclada en carne media,
derramando vendimia al otro lado de tus bordes.
Bebí
de tu vertiente pura y cálida sin tenerte, navegué aquellas aguas entre los
muslos de tus montes, y abracé como un templo, tu fe más lejana.
Recorrí
tu cuerpo desnudo como aguacero, acuné tus amaneceres y tu atardecer más
triste, hice mío tu dolor más hondo, en silencio, observándote, como el tiempo,
como beso eterno donde la razón no dicta s cátedra, ahí donde mis palabras
fueron lengua en lo profundo y sublime, y levanté mi cuerpo en un mordisco,
para caer de nuevo como hoguera en este encendido instante donde no hago más
que darme a ti.
Me
senté a navegar con mis ojos aquella tardecita lluviosa en el borde del
estrecho mar, y sentiste al mundo como un temblor.
Acercaste
esa distancia que deseas,y me hice poesía entre tus labios, un ave feliz en
este mundo y posé mi razón frágil, entrega desnudada entre tus manos como un
perdón.
Ahora,
despierto en medio del embate de la razón, y sin embargo, aún estás ahí, tan
presente sin tenerte, como bella melodía que siento, mas no veo; que me toca,
hasta mi alma más lejana, aquella aún por nacer.
Aún
amo aquel libro que selló en una conversación un destino, que aferró mis manos
a una mirada, y que sin desear, rebosa todos mis sentidos.
COM A ALMA
Peguei
meus passos, frios e úmidos como meu rosto, e parti.
Minha
vida nômade era um suspiro vagando entre suas folhas sem ainda saber-te certa,
era um vento rápido entre suas rochas marinhas, era uma onda fraca, esperando
para estourar em seu mar noturno, sonoro, infinito, orgástico.
Não
busquei e chegastes. Por que tanta vida me foi legada?
Minha
silhueta nua, inundada de raízes, esse campo sagrado que impede tanto
esquecimento.
Minhas
mãos semearam estrelas fugazes em meio a uma despedida, sob o peito sardento da
deusa deste último firmamento.
A
chuva beijou o granito da minha língua versada em pureza, como a frouxidão de
um espírito escondido entre a erva fresca, agitado pelas mãos de deuses
ausentes, neste indolente afastamento.
Meu
reflexo é insondável, o batimento cardíaco de um anacoreta, um machado ancorado
no meio da carne, derramando colheita de uvas do outro lado de suas bordas.
Bebi
da tua fonte pura e cálida sem ter-te, naveguei por aquelas águas entre os músculos
das tuas montanhas, e abracei como um templo, a tua fé mais distante.
Corri
sobre teu corpo nu como um aguaceiro, embalei teus amanheceres e teus
entardeceres mais tristes, fiz minha a tua dor mais profunda, em silêncio,
observando-te, como o tempo, como um beijo eterno onde a razão não dita seu
ensinamento, ali onde minhas palavras eram língua no profundo e sublime, e
ergui meu corpo numa mordida, para cair de novo como uma fogueira num instante
ardente onde não faço outra coisa senão entregar-me a ti.
Sentei-me
para navegar com os olhos naquela tardezinha chuvosa à beira do mar estreito, e
sentiste o mundo tremer.
Te
aproximaste à distância que desejas, e eu me tornei poesia entre seus lábios,
um pássaro feliz neste mundo e coloquei minha razão frágil, entregue nua nas tuas
mãos como um perdão.
Agora,
desperto em meio ao combate da razão, e, sem embargo, continuas aí, tão
presente sem te ter, como uma bela melodia que sinto, mas não vejo; que me
toca, até mesmo a alma mais distante, aquela que ainda vai nascer.
Eu
ainda amo aquele livro que selou um destino numa conversa, que segurou minhas
mãos num olhar e que, sem querer, transbordou todos os meus sentidos.
Ilustração: Universal.Org.

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