Um
cheiro de corpo de mulher.
Um
gosto, um cheiro, um gasto de mulher.
Um
suor-perfume de mulher
E
a pressa, sempre a pressa.
O
mundo ali pequeno, ligeiro.
A
língua.... o dorso nu....
As
pernas, infindáveis pernas.
As
mãos macias, o corpo doce.
O
cheiro de mulher a se entranhar em mim,
Por
mim, além de mim.
Sem
fim, sem fim.
Rápido.
Um
mundo gigantesco e diminuto,
em
movimento, em movimento, parado.
E
não consigo fixar o tempo, no tempo, o instante....
O
que foi?
Quando
foi?
Por
que foi?
Nós
dois, braços, pernas, cheiro, corpo, homem, mulher, sonho, ternura, canção,
gosto, sacanagem, riso, lágrima e vapor.....
Cato
a realidade numa fotografia.
No
bar onde nos embriagamos,
Debaixo
da jangada onde nos amamos,
sabendo
que sonhei.
No
entanto, o mar bate na praia,
As
estrelas cintilam,
Meu
coração bate acelerado,
Como
no passado,
E
não é mais a mesma coisa.
Confesso
que não teria coragem de dizer que te amo,
quando
te amo mais.
Há
agora, entre nós, vários anos, mulheres, dois filhos,
um
casamento oficial e diversos civis.
O
gosto de tua carne que não é mais a mesma,
O
gosto de teu corpo que o mesmo não é.
A
minha maldade de homem,
A
tua de mulher.
A
conscientização,
Que,
talvez, apenas sirva de impasse para a vida,
E
tantos valores que aprendemos para viver pior.
Os
sonhos...tantos sonhos desfeitos...
A
violência que me pede um poema assim,
onde
possa registrar que fui radical no amor,
Para
que possam entender
o
sufixo que sou
da
palavra desnatada
em
que transformaram a vida.
(De
Apocalypse, Editora Per Se, 2013, 2ª
Edição)
Ilustração:
www.vivaconsalud.es
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