São
dez horas da manhã.
Há
uma segunda de carnaval lá fora
Que
me pede alegria
Como
se fosse obrigatório ter ilusão,
E
fingir satisfação.
Mas,
na verdade, não estou nem aí para a folia.
Passei
batido.
Se,
ao menos, estivesse em Nazaré da Mata,
No
Maracatu Àz de Paus ou em Porto das Dunas,
Vá
lá em Olinda,
Ainda
me teria inxerido,
Talvez,
de pirata, de sujo ou papangu vestido.
Como
na canção não sei o que aconteceu,
Sem
nem uma flor cair do jarro,
Porém,
fiquei aqui,
Largado
no barro,
Sob
este céu azul, num dia de sol claro,
envolvido
pelo silêncio da Rua Paraguai
sem
um grito, um canto, um aí.
Nada
me atrai
Como
só poderia fazer a voz e o corpo enluarado
De
Karina Buhr,
Uma
deusa selvagem do carnaval de Recife.
Como
se fosse uma nau bati,
Não
sei se numa pedra ou pedaço de pau.
Sobrevivi.
Mas, flutuando, pareço estar,
Como
algo prestes a afundar
Num
tempo e num espaço que não é meu.
E
o carnaval se perdeu....
Ilustração:
f.i.uol.com.br
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