Friday, February 26, 2016

Uma poesia de Rosario Castelhanos

Falsa elegía                                                                         
Rosario Castellanos

Compartimos sólo un desastre lento
Me veo morir en ti, en otro, en todo
Y todavía bostezo o me distraigo
Como ante el espectáculo aburrido.

Se destejen los días,
Las noches se consumen antes de darnos cuenta;

Así nos acabamos.

Nada es. Nada está.
Entre el alzarse y el caer del párpado.

Pero si alguno va a nacer (su anuncio,
La posibilidad de su inminencia
Y su peso de sílaba en el aire),
Trastorna lo existente,
Puede más que lo real
Y desaloja el cuerpo de los vivos.

Falsa elegia

Compartilhamos só um desastre lento
Me vejo morrer em ti, em outro, em todos
E, todavia, bocejo ou me distraio
Como ante um espetáculo aborrecido.  

Se desfiam os dias,
As noites se consumem antes de darmos conta;

Assim nos acabamos.

Nada é. Nada está.
Entre a ascensão e a queda da pálpebra.

Porém, se alguém vai nascer (o seu anúncio,
A possibilidade de sua iminência
E o seu peso em sílaba de ar)
Transtorna o existente,
Pode mais do que o real

E desaloja o corpo dos vivos.

Ilustração: www.nenuno.co.uk

No comments: