Monday, February 29, 2016

Uma poesia de Julia de Burgos

 
Canción amarga                                           
Julia de Burgos

Nada turba mi ser, pero estoy triste.
Algo lento de sombra me golpea,
Aunque casi detrás de esta agonía,
He tenido en mi mano las estrellas.

Debe ser la caricia de lo inútil,
La tristeza sin fin de ser poeta,
De cantar y cantar, sin que se rompa
La tragedia sin par de la existencia

La batalla que agota toda espera,
Encontrarse, ya el alma moribunda,
Que en el mísero cuerpo aún quedan fuerzas.

¡Perdóname, oh amor, si no te nombro!
Fuera de tu canción soy ala seca.
La muerte y yo dormimos juntamente
Cantarte a ti tan solo me despierta.

Canção amarga

Nada perturba meu ser, porém, estou triste.
Algo lento de sombra me golpeia,
Ainda que quase detrás desta agonia,
Tenha conservado em minha mão as estrelas.

Deve ser a carícia do inútil,
A tristeza sem fim de ser poeta,
De cantar e cantar, sem que se rompa
A tragédia sem par da existência

A batalha que esgota toda espera,
De encontrar-se já a alma moribunda
Que, no mísero corpo, ainda as forças permanecem.

Perdoa-me, oh! Amor, se não te nomeio!
Fora de tua canção sou asa seca.
A morte e eu dormimos juntamente
Cantar a ti é tão só que me desperta.


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