Tuesday, February 07, 2017

Uma poesia de Yves Bonnefoy

Le livre, pour vieillir                   
Yves Bonnefoy

Étoiles transhurnantes; et le berger
Voûté sur le bonheur terrestre; et tant de paix
Comme ce cri d'insecte, irrégulier,
Qu'un dieu pauvre façonne. Le silence
Est monté de ton livre vers ton coeur.
Un vent bouge sans bruit dans les bruits du monde.
Le temps sourit au loin, de cesser d'être.
Simples dans le verger sont les fruits mûrs.

Tu vieilliras
Et, te décolorant dans la couleur des arbres,
Faisant ombre plus lente sur le mur,
Etant, et d'âme en fin, la terre menacée,
Tu reprendras le livre à la page laissée,
Tu diras, C'étaient done les derniers mots obscures.

O livro, para envelhecer

Estrelas transhumanas; e o pastor que se inclina
Sobre a sorte da terra; e tanta paz
Como esse grito irregular de inseto
Que um deus pobre modela. De teu livro
Subiu o silêncio até teu coração.
Corre um vento sem ruído nos ruídos do mundo.
Longe sorri o tempo, por deixar de existir.
Sensível no horto são os frutos maduros.

Envelhecerás
E, ao perder tua cor nas árvores,
Ao formar uma sombra mais lenta sobre o muro,
Ao ser ameaçada a terra, ao fim, de alma,
Retomarás o livro onde o abandonaste,
E dirás: Eram essas as últimas palavras obscuras.


Ilustração: Evangelismo e Missão. 

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