Monday, April 30, 2018

Uma poesia de Gerardo Diego




 Insomnio

Gerardo Diego

Tú y tu desnudo sueño. No lo sabes.
Duermes. No. No lo sabes. Yo en desvelo,
y tú, inocente, duermes bajo el cielo.
Tú por tu sueño, y por el mar las naves.

En cárceles de espacio, aéreas llaves
te me encierran, recluyen, roban. Hielo,
cristal de aire en mil hojas. No. No hay vuelo
que alce hasta ti las alas de mis aves.

Saber que duermes tú, cierta, segura
cauce fiel de abandono, línea pura,
tan cerca de mis brazos maniatados.

Qué pavorosa esclavitud de isleño,
yo, insomne, loco, en los acantilados,
las naves por el mar, tú por tu sueño.

INSÔNIA

Tu e teu sonho nu. Tu não o sabes.
Dormes. Não. Tu não o sabes. Eu em insônia,
e tu, inocente, dormes sob o céu.
Tu pelo teu sonho, e, pelo mar, os navios.

Em prisões espaciais, aéreas chaves
me prendem a ti, trancam, roubam. Gelo,
cristal de ar em mil folhas. Não. Não há voo
que alce até ti as asas dos meus pássaros.

Saber que dormes, certa, segura
retrato fiel de abandono, linha pura,
tão perto dos meus braços amarrados.

Que terrível escravidão ilhéu,
Eu, insone, louco, nas falésias,
os navios pelo mar, tu pelo meu sonho.

Ilustração: Petrópolis Para Crianças.

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