Monday, December 22, 2014

Anna Swir


I’ll Open the Window                       

Anna Swir

Our embrace lasted too long.
We loved right down to the bone.   
I hear the bones grind, I see   
our two skeletons.

Now I am waiting
till you leave, till
the clatter of your shoes
is heard no more. Now, silence.

Tonight I am going to sleep alone   
on the bedclothes of purity.
Aloneness
is the first hygienic measure.   
Aloneness
will enlarge the walls of the room,   
I will open the window
and the large, frosty air will enter,   
healthy as tragedy.
Human thoughts will enter
and human concerns,
misfortune of others, saintliness of others.   
They will converse softly and sternly.

Do not come anymore.   
I am an animal   
very rarely.

Source: Talking to My Body (1996)

Eu irei abrir a janela

Nosso abraço durou muito tempo.
Nós amamos muito até ao osso.
Eu escutei os ossos rangendo, eu vi
nossos dois esqueletos.

Agora eu estou esperando
até que você parta, até
que o barulho de seus sapatos
não se ouça mais. Agora, o silêncio.

Hoje à noite eu vou dormir sozinho
sobre as roupas de cama limpas.
Solidão
é a primeira medida de higiene.
Solidão
irá alargar as paredes do quarto,
Vou abrir a janela
E o ar grande, gelado irá entrar,
saudável como tragédia.
Os pensamentos humanos entrarão
e as preocupações concernentes,
o infortúnio dos outros, a santidade dos outros.
Eles vão conversar baixinho e com firmeza.

Não venha mais.
Eu sou um animal
muito raramente.


Fonte: “Falando para o meu corpo” (1966). 

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