Saturday, December 06, 2014

Outra poesia de Antonio Gracia

Continuidad                                                          


Antonio Gracia

Querida muerte mía: no me esperes
oculta en las tinieblas; sé que estás
injertada en mi vida como un yo
que no ha de completarse hasta que vengas.
No temo tu llegada; yo te doy
el ancho surco en que sembré infinitos;
tú me darás tu tierra, y ya presiento
que tal vez alimente a las criaturas
de las que estoy forjado y en mí viven:
toco mi corazón y en él escucho
palpitar las estrellas, y la noche
que fue mi origen; palpo en mis entrañas
las raíces de un árbol; soy la savia
con que tú has de saciar el universo
en su eterna expansión. Mírame, muerte:
robas mi voluntad, no mi destino.
Tú me aseguras la inmortalidad.

Continuidade

Querida morte minha: não me esperes
oculta nas sombras; se é que estais
enxertada na minha vida como um eu
que não há de completar-se até que venhas.
Não temo tua chegada; eu te dou
o largo sulco em que seremos infinitos.
tu me darás tua terra, e já pressinto
que, talvez, alimente criaturas
das quais sou forjado e que em mim vivem:
toco o meu coração e nele escuto
palpitar as estrelas, e a noite
que foi minha origem, apalpo em minhas entranhas
as raízes de uma árvore; sou a seiva
com que tu hás de saciar o universo
em sua eterna expansão. Olha-me, morte:
roubas minha vontade, não meu destino.
Tu me asseguras a imortalidade.

Ilustração: palavraplena.typepad.com

No comments: