Continuidad
Antonio
Gracia
Querida
muerte mía: no me esperes
oculta
en las tinieblas; sé que estás
injertada
en mi vida como un yo
que
no ha de completarse hasta que vengas.
No
temo tu llegada; yo te doy
el
ancho surco en que sembré infinitos;
tú
me darás tu tierra, y ya presiento
que
tal vez alimente a las criaturas
de
las que estoy forjado y en mí viven:
toco
mi corazón y en él escucho
palpitar
las estrellas, y la noche
que
fue mi origen; palpo en mis entrañas
las
raíces de un árbol; soy la savia
con
que tú has de saciar el universo
en
su eterna expansión. Mírame, muerte:
robas
mi voluntad, no mi destino.
Tú
me aseguras la inmortalidad.
Continuidade
Querida
morte minha: não me esperes
oculta
nas sombras; se é que estais
enxertada
na minha vida como um eu
que
não há de completar-se até que venhas.
Não
temo tua chegada; eu te dou
o
largo sulco em que seremos infinitos.
tu
me darás tua terra, e já pressinto
que,
talvez, alimente criaturas
das
quais sou forjado e que em mim vivem:
toco
o meu coração e nele escuto
palpitar
as estrelas, e a noite
que
foi minha origem, apalpo em minhas entranhas
as
raízes de uma árvore; sou a seiva
com
que tu hás de saciar o universo
em
sua eterna expansão. Olha-me, morte:
roubas
minha vontade, não meu destino.
Tu
me asseguras a imortalidade.
Ilustração:
palavraplena.typepad.com
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