Monday, December 01, 2014

Tributo a Mira Schendel

Que Mira fosse estrangeira
Ninguém duvidaria
Com o sobrenome Schendel,
Mas, sua alma negra
Já se percebia
No uso dos trajes pretos.
E ela, só ela,
Criou uma arte tão nacional
Que seu sotaque,
De lugar nenhum,
Virou gê ou tapuia.
Espantoso é que,
Ontologicamente,
Nada explica seu ser
Que de Zurique
Veio a se constituir,
Num clique, 
Se arrastando,
Por espaços deslocados,
Para fazer da pintura
Uma questão de vida e morte
E, ser, por sorte,
A estrela do vazio
Que preenchia
O espaço com as palavras,
A obra com materialidade
E o sentido com uma visão universal. 

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