DIFERENCIAS SEMÁNTICAS
Lila
Calderón
El
tiempo se devuelve y enmudece/ perdemos/ estamos perdiendo el juego que nunca
creímos jugar/ De voz en voz/ nuestras fuerzas se diluyen/ En este encuentro/
cada cual al otro lado de su destino/ espera/ Aparecemos sin cruzar las
palabras confusas/ que nos someten/ Callar es a veces la solución/ el casillero
vacío que impide el puzzle/ Que no nos entendamos/ no es extraño/ para eso se
escriben las canciones/ que después recordaremos/ a la orilla de los años/ No
se puede negar/ Siempre algo sobra o falta/ para comprender el rompecabezas/ No
existe el paisaje perfecto/ No somos el uno para el otro/ y no hay otro para
uno/ ni se puede extraer desde el espejo/ la imagen que nos complete/ Otra
máscara desvanece su guiño/ y un montón de ropa nos dibuja en el recuerdo/ Nos
amábamos sabiéndonos/ complejos/ en crisis/ escapando del pasado intentando
abordarnos desde la duda / a tientas/ Cómo saber para ganar o perder tiempo/
para no caer sin poner las manos/ No tenemos siete vidas y el cuento es breve/
Un sol exageradamente sol invalida mi cortina/ como un signo/ asalta el cielo/
y hace latir los tejados/ Un sol como aquel que llegó contigo/ estalla en el
horizonte/ y se derrama gota a gota/ La complicación es ahora rehacerse en dos/
Dejar de sentirte/ o adivinar tu rumbo/ Pero por si ésta fuese una despedida/
desearía/ que identifiques y te lleves contigo/ las palabras que siempre
quisiste oír/ porque como dijo un amigo/ nuestros desencuentros son tan solo
pequeñas diferencias semánticas/ Por supuesto/ debo reconocer que el lenguaje/
es el arma más mortífera de todas.
Diferenças semânticas
O
tempo se devolve e emudece / perdemos / estamos perdendo o jogo que nunca
acreditamos jogar / de voz em voz/ nossas forças se diluem / Neste encontro/
cada qual o outro lado do seu destino / espera / Aparecemos sem cruzar as
palavras confusas / que nos submetem/ Calar, às vezes, é a solução /a casa
vazia que impede o quebra-cabeças / que não nos entendemos / não é estranho /
para isso se escrevem as canções/ que depois recordaremos / na borda dos anos /Não
se pode negar / sempre algo sobra ou falta / para compreender o quebra-cabeça /
Não há paisagem perfeita / Não somos um para o outro / e não há outro para um /
nem se pode extrair do espelho / a imagem que nos complete / Outra máscara
evapora sua piscadela / e um monte de roupas nos desenha a memória / Nos
amávamos nos sabendo-nos/ complexo / em crise / escapando do passado tentando
nos abordar a partir da dúvida / tateando / Como saber para ganhar ou perder
tempo / para não cair, sem colocar as mãos / Não temos nove vidas e a história
é breve /Um sol desproporcional invalida minha cortina / como um sinal / assalta
o céu / e faz tremer os telhados / um sol como aquele que chegou contigo /
estoura no horizonte / e se derrama gota a gota / A complicando é agora refazer-se
em dois / Deixar de sentir-te / ou adivinhar o teu rumo /Porém, se isto fosse
uma despedida / desejaria / que me identifiques e que leves contigo / as
palavras que sempre quisestes ouvir / porque, como disse um amigo / nossas
divergências são apenas pequenas diferenças semânticas / por suposto / devo
admitir que a linguagem / é a arma mais mortal de todas.
Ilustração:
opiniaocentral.wordpress.com.
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