Monday, July 10, 2017

UM POEMA DE PETER BOYLE



Robert Frost at Eighty

 Peter Boyle

I think there are poems greater and stranger than any I have known.
I would like to find them.
They are not on the greying paper of old books
or chanted on obscure lips.
They are not in the language of mermaids
or the sharp-tongued adjectives of vanishing.
They run like torn threads along paving stones.
They are cracked as the skull of an old man.
They stir in the mirror
at fifty,
at eighty.
My ear keeps trying to hear them
but the seafront is cold.
The tide moves in.
They migrate like crows at a cricket ground.
They knock at the door when I am out.


I have done with craft.
How can I front ghosts with cleverness,
the slick glide of paradox and rhyme
that transforms prejudice
to brittle gems of seeming wisdom?


Though I bury all I own or hold close
though my skin outlives the trees
though the lines fall shattering the stone
I cannot catch them.
They have the lilting accent
of a house I saw but never entered.
They are the sounds a child hears –
the water, the afternoon, the sky.

I watch them now
trickling through the open mirror.
Sometimes, but almost never
we touch what we desire.

Robert Frost aos oitenta

Penso que existem poemas maiores e mais estranhos do que qualquer um que temos conhecido.  
Eu gostaria de encontrá-los.
Eles não estão em papéis cinzentos ou velhos livros
ou cantados em escuros lábios.
Eles não estão em cantos de sereias
ou nos adjetivos das filosas línguas em desaparecimento.
Correm como fios rasgados através das lesmas.
Estão rachados como o crânio de um homem velho.
Se revolvem no espelho
aos cinquenta,
aos oitenta.
Meu ouvido segue tentando escutá-los
porém,  a muralha é fria.
A maré avança.
Migram como corvos até um campo de grilos.
Tocam a porta quando estou fora.


Eu tenho feito com habilidade.
Como posso enfrentar fantasmas com inteligência,
o hábil deslizamento do paradoxo e do ritmo
que transforma em prejuízo
as gemas frágeis de sabedoria aparente?


Ainda que eu enterre tudo o que possuir ou mantenha tudo perto de mim
que minha pele sobreviva às árvores
ainda que as linhas se precipitem estilhaçando as pedras
Eu não posso pegá-los.
Eles têm os acentos monótonos
de uma casa que eu já vi, mas, que nunca entrei.
Eles são o som que uma criança ouve-
a água, a tarde, o céu.

Eu escuto eles agora
escorrendo através do espelho aberto.
Algumas vezes, mas, nem sempre
nós podemos tocar aquilo que desejamos. 

Ilustração: paintingandframe.com. 

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