Não
creio em nada mais, ó criatura,
Se
não vejo o escuro nem sequer a luz.
Até
se falo mais de uma língua
Nenhum
significado minha boca produz.
É
que em minha vida tudo se desfigura
Como
pétalas de uma rosa fenecida,
E
se, para um deus, ainda faço juras,
Não
creio nesta quanto mais em outra vida.
Desalentos,
tédios e cansaços
São
o que me sobram de toda brincadeira
E
quedo mole, pernas e braços lassos.
E,
para recuperar-me de todas as canseiras
Invento
poesias, desenhos, traços
Como
se as coisas fossem verdadeiras.
Ilustração:
HypeScience.
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