Tuesday, July 11, 2017

COMO SE....




Não creio em nada mais, ó criatura,
Se não vejo o escuro nem sequer a luz.
Até se falo mais de uma língua
Nenhum significado minha boca produz.

É que em minha vida tudo se desfigura
Como pétalas de uma rosa fenecida,
E se, para um deus, ainda faço juras,
Não creio nesta quanto mais em outra vida.

Desalentos, tédios e cansaços
São o que me sobram de toda brincadeira
E quedo mole, pernas e braços lassos. 

E, para recuperar-me de todas as canseiras
Invento poesias, desenhos, traços 
Como se as coisas fossem verdadeiras.

Ilustração: HypeScience. 

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