É uma incompreensão muito grande, penso,
que, como o mar e o céu são imensos,
não se perceba
que maior dimensão tem a saudade.
Manhosa, na forma que nos invade,
pois, ao mesmo tempo que suave,
lembrando os olhos da amada,
é carrasca e cruel,
por nos encher do sentimento
de que nada se possa fazer
contra sua presença sutil,
seja nobre ou vil,
além de que, com pranto ou canções, se lamentar
o que foi, o que é ou se encontra em algum lugar
que não se pode agora, ter ou encontrar.
Ainda assim nos supre da esperança
que mude o tempo, o local, a dança,
como o vento, de repente, muda
do Norte para o Sul.
Daí que não há o que discutir,
a saudade, minha linda,
é azul.
Ilustração: regecoeli.blogspot.com.
Ilustração: regecoeli.blogspot.com.
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