A saudade é o sentimento ambíguo
que torna o mundo nebuloso, sem divisas, complicado.
A saudade não tem um exato significado.
Pode ser de tudo:
da mulher amada, da amante, de um instante,
de um lugar, de uma foto ou de um quadro-
deixa tudo difuso, fora de esquadro.
Saudade pode se ter até do que não se sabe,
do que se perdeu,
do que está por vir
ou não virá.
Ninguém sabe onde a saudade dá,
quando, de repente, nos assalta, nos toca,
nos sufoca,
de forma que, por ser esta coisa imprecisa,
a saudade, sem dúvida, é cinzenta, cinza.
A saudade, por não ser um dor física,
é sempre dolorosa,
murcha rosa,
como o amor que não se teve,
o amor que não se faz,
o amor que não se esquece
e que se deseja mais.
Terra
que não se sabe onde pisa,
se é real,
se como a brisa
desliza por nosso rosto,
imperceptível,
para nos deixar o gosto,
de que tudo é irreal,
que nenhuma coisa é permanente,
por isto que a saudade,
minha gente,
é evidente,
é completamente cinzenta,
cinza.
Ilustração: modosuavedeescrever.blogspot.com
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