Sunday, February 26, 2023

Poeminha para a minha deusa eterna

 


Ó minha deusinha abandonada,

minha encantada Despina,

senhora das sombras e das geadas,

que bem sabe que somos nada.

Minha deusinha branquela, desbotada, alva,

como se tivesse sido banhada de alvejante.

Minha deusinha fulgurante,

que me parece amarela, negra, cambiante,

furta-cor, arco-íris,

me socorre neste instante,

em que te pensas esquecida

sem saber que, por ti, rezo toda vida,

no meio desta loucura desinibida

dos homens insensatos

que bradam por motivos fúteis

e brigam como gatos.

Pode ser que minhas preces sejam inúteis,

mas, dai-me, minha deusinha,

teu amor, teus beijos, teus carinhos

muito além dos tempos esquisitos

do coronavírus, que enfrentamos agora.

Sei que não é hora

de dizer do meu amor por ti.

Minha deusinha,

o isolamento

não nos aproxima,

nem no pensamento,

porém, os deuses olham tudo de cima,

e sabem o que não sabemos.

Ah! Minha deusinha,

bebo minha tacinha

de vinho, bruto,

fumo um charuto,

e canto,

por engano um salmo,

como se fosse um canto gregoriano,

desafinado como sempre fui

diante de um mundo que parece rui.

Entretanto, tenho a fé dos teus fiéis,

bem sei,

que, sobreviverei,

para beijar teus pés!!!

Ilustração: Sons of Gods.

 

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