SEXTON
Ernesto Carriøn
Sabes
por los huesos que vives en un país inmaterial, sumergido en el charco de tu
propia sangre. Sabes por los huesos, tachados como la luz cúbica de tus ojos
acumulando telas de ceniza más allá de sus órbitas, recortadas para siempre en
la memoria, que no saborearás la felicidad en el bosque de otro cuerpo
inexplorado. La verdad, eso no importa. Qué fue la felicidad sino un golpe de
platos hipnotizados con fines de lucro. Qué fue la felicidad sino un colirio
verdinegro empañando la obra en imágenes del cielo de Boston lleno de tramos
blancos, como pomos políticos de nieve, sobre los árboles despellejados de una
estación a otra. Tú vas a escribir –enferma y encorvada sobre una torre de
libros– para comprender que nunca más la realidad estará frente a ti. Vas a
escribir de este país inmaterial secuestrada como un lirio bajo un montón de
hielo.
SACRISTÃO
Sabes pelos ossos que vives
em um país imaterial, submerso na poça de teu próprio sangue. Sabes pelos
ossos, riscados como a luz cúbica dos teus olhos, acumulando teias de cinzas mais
além das suas órbitas, cortadas para sempre na memória, que não saborearás a
felicidade na floresta de outro corpo inexplorado. Na verdade, isso não
importa. O que foi a felicidade senão um golpe de pratos hipnotizados com fins de
lucro. O que foi a felicidade senão um colírio preto-esverdeado nublando a obra
em imagens do céu de Boston cheio de trechos brancos, como pomos políticos de
neve, sobre as árvores desfolhadas de uma estação para outra. Tu vais escrever-
doente e curvado sobre uma torre de livros-para entender que a realidade nunca
mais estará diante de ti. Vais escrever sobre este país imaterial isolado como
um lírio sob uma pilha de gelo.
Ilustração: Spirit Fanfics
e outras histórias.
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