LOWELL
Ernesto Carriøn
En
tu cabeza pasaron días; y la sensación de haber visto conejos en la nieve
afuera, y luego accidentalmente dibujados como manchas o trapos bajo tu ropa
desparramada en aquella habitación donde descubriste que la depresión no te
abandonaría nunca. No estás lleno de odio, sino todo lo contrario. Estás
coleccionando agonías como un tatuaje de vidrio gigantesco que propague la
neblinosa longitud de tu propio fantasma. Vas a salvarte escribiendo como un
raro artefacto cuyo ritmo de lactancia nadie escucha. Vas a salvarte
escribiendo como un raro artefacto incapaz de sugerir la duración de su
grito. Incurable, entre las luces y los alimentos envenenados del mundo.
Así sabrás imprimirte los días, su mística ajenidad de bloque de hielo. Todos
lo hacen. Ocuparás un puesto entre un punto y su desfile de puntos. Partituras
descabelladas bajo una rúbrica eléctrica. Y harás de tu lenguaje tu abundancia.
LOWELL
Na tua cabeça se passaram dias; e a
sensação de haver visto coelhos na neve lá fora, e logo acidentalmente
desenhados como manchas ou trapos sob tuas roupas esparramadas naquele quarto
onde você descobriu que a depressão não te abandonaria nunca. Não estás cheio
de ódio, muito pelo contrário. Estás colecionando agonias como uma gigantesca
tatuagem de vidro que propague na extensão enevoada de teu próprio fantasma. Vais
te salvar escrevendo como um artefato raro cujo ritmo de lactação ninguém
escuta. Vais te salvar escrevendo como um artefato raro incapaz de sugerir a
duração de seu grito. Incurável, entre as luzes e os alimentos envenenados do
mundo. Assim saberás imprimir aos dias, a sua alienação mística de um bloco de
gelo. Todo o fazem. Ocuparás uma posição entre um ponto e seu desfile de
pontos. Partituras loucas sob uma rubrica elétrica. E farás de tua linguagem a tua
abundância.
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