Tuesday, February 21, 2023

Uma poesia de Ernesto Carrion

 


                                               LOWELL

Ernesto Carriøn

 

En tu cabeza pasaron días; y la sensación de haber visto conejos en la nieve afuera, y luego accidentalmente dibujados como manchas o trapos bajo tu ropa desparramada en aquella habitación donde descubriste que la depresión no te abandonaría nunca. No estás lleno de odio, sino todo lo contrario. Estás coleccionando agonías como un tatuaje de vidrio gigantesco que propague la neblinosa longitud de tu propio fantasma. Vas a salvarte escribiendo como un raro artefacto cuyo ritmo de lactancia nadie escucha. Vas a salvarte escribiendo como un raro artefacto incapaz de sugerir la duración de su grito.  Incurable, entre las luces y los alimentos envenenados del mundo. Así sabrás imprimirte los días, su mística ajenidad de bloque de hielo. Todos lo hacen. Ocuparás un puesto entre un punto y su desfile de puntos. Partituras descabelladas bajo una rúbrica eléctrica. Y harás de tu lenguaje tu abundancia.

 

LOWELL

Na tua cabeça se passaram dias; e a sensação de haver visto coelhos na neve lá fora, e logo acidentalmente desenhados como manchas ou trapos sob tuas roupas esparramadas naquele quarto onde você descobriu que a depressão não te abandonaria nunca. Não estás cheio de ódio, muito pelo contrário. Estás colecionando agonias como uma gigantesca tatuagem de vidro que propague na extensão enevoada de teu próprio fantasma. Vais te salvar escrevendo como um artefato raro cujo ritmo de lactação ninguém escuta. Vais te salvar escrevendo como um artefato raro incapaz de sugerir a duração de seu grito. Incurável, entre as luzes e os alimentos envenenados do mundo. Assim saberás imprimir aos dias, a sua alienação mística de um bloco de gelo. Todo o fazem. Ocuparás uma posição entre um ponto e seu desfile de pontos. Partituras loucas sob uma rubrica elétrica. E farás de tua linguagem a tua abundância.

 

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