Tu, já faz algum tempo, que não ouves direito. Que sentes as dores do tempo, a sensação de impotência ante as feridas que se abrem e, sabes, sabes muito bem, que, agora, jamais fecharão. O mundo também não ajuda. Apesar de todas as novas tecnologias, dos novos remédios, tudo continua a parecer pior, mais difícil e a vida vira um tédio. Parece sempre ser o que sempre foi: acordar, comer, beber, dormir e nada mais. Amor, paixão, desejo, sonhos são como mundos distantes, perdidos, inalcançáveis. O que se desenha nas sombras são tão somente os monstros da solidão, o tempo que implacável mata todas as esperanças dos dias felizes. E só a poesia, esta tentativa tão humana de preservar o que se vai, me mantém vivo. Só a poesia me faz resistir ao inevitável desaparecimento.
Ilustração:
Pensamentos Viajantes.
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